Tuesday, March 28, 2006

Sempre com um sorriso nos lábios...

- Onde dói?
- Aqui...
- Ai onde?
- Aqui bem debaixo da camisola, da pele e da carne...
- Deixa ver...
- Não... não podes... não se vê...
- Porque te dói?
- Desde ontem que a minha cabeça não para de latejar e sinto que o coração me salta pela boca.
- Mas quem te fez mal...
- Não foi quem... foi o quê!!!

Desde ontem que ando assim... voltei a não dormir. Prometi a mim mesma que não voltaria lá, mas foi impossível. O meu coração alia-se de tal maneira a minha imaginação que a mente não obedece aos estímulos do que é consciente. E sei que nos dias mais rotineiros não posso lá ir, porque não tenho forças suficientes para voltar ou simplesmente não quero.

Olhei, e como sempre lá estavam ambos há minha espera sentados no limite da rocha com os pés pendurados para lá, bem ao lado do ponto geodésico... o sol ainda estava bem alto, mas reparei que se preparavam para passar noite. Por vezes penso que para eles é tudo tão mais fácil, conseguem-se desligar em escassos segundo enquanto eu vou largando bocados de mim e andando só por metade... e mesmo que depois que os queira juntar novamente tornam-se incompatíveis...

Desta vez fui a pé, para demorar mais tempo e para o caso de me arrepender voltar para trás ainda mais devagar. Vou assustada porque sempre que me chamam sem aviso prévio é por alguma coisa não estar realmente bem. E desta vez não foi diferente, num raciocínio rápido senti a má noticia que lhes ardia nos lábios.

Alguém destruira por completo o mundo de Henric... fora assaltado no sossego da sua auto caravana. Alguém espatifou por completo tudo o que ele tinha, destruindo em pontapés tudo o que era quebrável...

Mas o que é realmente fantástico, é a forma como aquele homem aceita este facto sem julgar e continua a sorrir enquanto recolhe cada caco com as pontas dos dedos...

E continuo com o coração pesado... porque não quero sentir pena dele ... mas neste momento não consigo ter outro tipo de sentimento qualquer...

5 comments:

Kiau Liang said...

não sintas pena....não é justo...quanto menos coisas temos mais livres somos ....existe muito mais para lá das "coisas"....tu sabes isso tão bem....

poca said...

é um aperto no coração.... é um buraco no estômago...
é assim a sensação de impotência,
é assim quando vemos algo que gostariamos de mudar... e simplesmente não podemos.
tenho uma canção assim, sobre este sentimento e o refrão diz precisamente isso:
"i wish i didn't but i do!"

Madame Pirulitos said...

Strange girl, strange world.

inBluesY said...

é terrivel essa invasão, mas a vida é bem mais que os bens materiais, por muito falta que nos façam, por vezes pesam demasiado.

beijinhos

rspiff said...

E quando o nosso mundo desaparece? Assusta, não assusta?