Friday, July 20, 2007

A estrada de Santiago...

Tocou no horizonte já estava cor-de-laranja, sorridente. Desapareceu por detrás da neblina cega, ausentou-se. Os pés assentes na areia fria preparavam-se para o impacto da água tão gelada que ameaçava rachar ossos. Habituaram-se e continuaram. Olharam para trás.

Era de noite e as formas da terra tornam-se em gigantes sombras de grandes monstros devoradores. Mortais. As grutas, formadas pelas rochas lá bem ao fundo, pareciam enormes bocas abertas, horrendas numa imaginação alucinante. Lutaram contra línguas marítimas em pulos frenéticos e sentiram-se pequenos correndo de mãos dadas. Por fim exaustos caíram em gargalhadas na areia escura.

Abriram os olhos e vislumbraram as estrelas espalhadas por uma, pouco definida, estrada láctea sem fim. Encontraram o principio e seguiram para sempre.

Ao fim de duas noites perdidas em insónias emprestadas, era impossível aquilo estar acontecer. Forças para lá de humanas corriam pelos músculos e pelos sentidos. Conseguiu fintar o cansaço e envia-lo para o dia seguinte. Amanhã que voltasse. Naquele instante nada mais era importante e não queria estar em nenhum outro lugar.

Não queria perder o momento por nada, apetecia-lhe viver... sentir-se viva.

Friday, July 06, 2007

Mount Wroclai (Idle Days)



Desta vez não foi numa arvore milenar, nem em florestas encantadas. Não foi numa serra cheia de verdes nem em nenhum sitio mágico.
Não fui ao encontro da imaginação nem chamei por ela. Deixei-me estar apenas tranquila encostada à realidade, vendo-a passar, de sorriso nos lábios. Adormeço sobre as palavras que queimam na garganta mas esfriam imediatamente na ponta nos dedos e quando as tento dizer em voz alta para não as esquecer e partilhar com quem me rodeia apenas o silencio num tentativa frustrada de explicar o reboliço no peito... de tanto sentir!!

Desta vez foi sentada na secretária, cheia de tonturas, que fui apanhada com um som apenas de meio segundo. Um simples som soprado num instrumento diferente. Depois mais meio segundo de rouquidão seguida de uma parafernália de outros sons e rebentei em mil paixões espalhadas por ai, por aqui por ali. Arrebatada outra vez pelo desejo enorme de partilhar com quem sempre percebe tão bem este “ estado”, e sem saber acaba por apanhar uma ou outra ponta que fica solta completando o ciclo, fui ali ao lado... mas tinha-me esquecido. Não estava lá.


De ouvidos postos nas musicas... espero,
se me perguntar... por onde tenho andado, de onde venho e para onde quero ir, vou sorrir...“Beirut”!!