Thursday, May 25, 2006

Guerreiro!!


Ontem pensei que era uma simples navegante, caída de um dos vazios que se formam quando os mundos se unem, e na tentativa de passar de um para o outro desequilibrei-me e escorreguei por ai abaixo.

Encontrei-me com os pés em terra firme, vestida a rigor num fato feito de malha de prata e um medalhão descentrado no peito que me protegia o coração de alguma arma alheia. Caminhei com umas botas de ferro que me fustigavam os pés e empunhava uma espada enorme que me desequilibrava...

Senti-me um guerreiro em defesa do seu castelo que no interior continha o que mais amava. Defendia com unhas e dentes aquilo que era meu, e sentia-me invencível em lutas de campo aberto. Lutei contra outras espadas e armas que desconhecia, lutei corpo a corpo e gritei por ajuda.
No tilintar das espadas não ouvi nenhuma voz humana uns lábios sequer se abriram. Olhei em volta e tantos eram os olhos que me observavam cabisbaixos. Estiquei o braço e esperei pelo toque... não senti...

Olhei em frente... afinal a minha missão era travar uma luta que não era minha.. estava ali como uma "Navegante" do tempo de terras longínquas, enviada simplesmente para proteger... de espada em punho.

Monday, May 22, 2006

Tudo por causa da luz...




- Fiquei sem luz. Vai tu à frente que não consigo ver nada...

- Bolas também fiquei sem luz e não consigo ver mesmo nada.

- Como é que é possível que três lanternas ficassem sem pilhas.
- Não faço ideia. Mas estou a ficar cansada e com fome. Vamos andado para a frente e guarda-se a franca luz existente para jantar...


Um pequeno calafrio percorre a espinha e provoca risos nervosos. Está mesmo muito escuro. E não se vê um palmo à frente do nariz. A adrenalina estonteante enfraquece com a sensação de nos cruzarmos com um inimigo imaginário. Sim porque já me imaginava a combater um “trol” de dois metros a babar-se com saliva verde florescente e o ter que fugir dos seus golpe fatais aos guinchos. Ou até mesmo para os mais sépticos os reais morcego que sombreavam de arvore em arvore por cima das nossas cabeças. Dando-me um único reflexo de repugnância, embrulhei a cabeça na camisola e todos pensaram o pior quando me olharam.

- Cuidado com o buraco. Outro buraco. E mais outro.

Caímos para o chão agarrados à barriga que dói de tanto rir. E no momento em que nos acalmamos entre nervos e gargalhadas reparamos no silencio. No saboroso silencio do qual estávamos rodeados. Senti os pés a começarem a flutuar e a imaginação a flui a mil quilómetros por hora... e o resto deixo ao sabor de quem quiser imaginar...

A fome aperta em ronco no estômago e o jantar que pesa dentro das mochilas. Sentados em amena cavaqueira e utilizando as pontas dos dedos como olhos devoráramos aquilo a chamámos "Manjar dos deuses".

Da garganta da floresta ouve-se uma voz cavernosa:
- O que é que estão aqui a fazer?????

Gritos. Mais gritos. E mais gritos...

Alguém chorou com o susto. Houve quem não tivesse parado de rir e houve até quem tivesse que fazer o resto do caminho despido da cintura para baixo, porque não havia lua para secar calções. :-)

Monday, May 15, 2006

felicitate

Não. Não quero parecer que me repito. Mas tenho receio das minhas palavras parecerem sempre iguais porque raramente encontro outras tão simples para definir um sentimento tão grandioso e tão intenso.

Não. Não quero parecer que me repito. Mas é impossível deixar de escrever que mais uma vez me incorporei de tal maneira que pensei fazer parte da paisagem. É como ter um pé preso num grosso tronco que se agarra ferozmente à terra e baloiço com o vento que emaranha os cabelos como se de folhas e lianas se tratassem. Poderia estar suspensa no abismo e não cair, olhar lá para baixo e conseguir sorrir perante o auge de uma felicidade que me transporta para um lado transcendente demais, e quando tenho a sensação que não vou aguentar por tanto acreditar várias mãos firmes esticam-se do outro lado e puxam-me numa elasticidade que me permite permanecer com um pé em cada banda. É um doce esquecer que tudo existe e um viver constante de experiencias diferentes.

Não. Não quero parecer que me repito. Mas dou por mim pensar que é irreal ter um ponto focado numa realidade que inconscientemente fui escolhendo e se entranhou. O simples facto de me sentir viva dentro dessa mesma escolha enche-me os olhos de lágrimas, mas lágrimas que correm alegres por um rosto vincado de aventuras levadas pelo ontem e anteontem. Aventuras que não voltam a trás apenas andam para frente cada vez com mais e mais vontade de ver e apreciar como vai ser amanhã. Entretanto vou recordando tranquilamente nos olhos castanhos, cor de mel, azuis e verdes que como meus contemplam o horizonte.


O jantar foi servido às vinte e três e trinta e cinco sobre uma mesa feita de areia e cadeiras construídas a partir de madeira velha trazida pelo mar. A toalha finamente desenhada com losangos em alto relevo segura os copos que esperam ansiosos para serem cheios com o liquido* levado e tocados num brinde. Nos pratos imaginários que se seguram na palma da mão, a refeição é meticulosamente digerida, pedacinho por pedacinho...

Wednesday, May 10, 2006

Os dias que são assim!!

E quando se pensa que já se viu tudo, ou se conhece um sitio como as palmas das nossas próprias mãos, eis que somos transportados para uma dimensão completamente diferente. É como se existe uma porta que delimita o conhecimento e que só se abre a partir de uma hora. Aquela em que ninguém de certeza ali passará. Está ligada a um automatismo muito antigo codificado com as horas do sol, confundindo-se com a paisagem não transparecendo nas formas e invisível a olhos nus. Mas não sei se fui eu que dei as voltas ao sol ou se a porta se enganou na sua reforçada segurança e baixou a guarda... não estando à espera que os intrusos estivessem ali na hora nove marcada pelo sol.

O alcatrão transforma-se em calçada de pedra gasta tornando o percurso mais penoso e fazendo a adrenalina subir perante cada obstáculo. Puxamos uns pelo os outros e felicitamo-nos com a vitória de cada um, sim...porque infantilmente... quando nos juntamos a união que se sente é tão forte e o sentimento de protecção e zelo é tão exemplar que não existem palavras para o descrever. E o rir posteriormente com aos relatos das escolhas mais estapafúrdias: no meio de tantos caminhos e encruzilhadas que se apresentam à nossa frente, acabamos sempre por cortar os mais dificeis, discutindo num completo gozo o “sexo dos anjos”.
(...)

A medida que avançamos os cheiros vão sendo cada vez mais intensos e invadem cada narina a procura do seu lugar. Cheira a pinheiro, eucalipto, acácia, alfazema, terra, pó e um aroma adocicando que ainda hoje aqui sentada com a sua recordação não consigo decifrar o que seria.. o que é. É como ter uma vaga ideia de qualquer coisa que fica a martelar na cabeça e uma curiosidade que não se consegue aniquilar. Mas ninguém tocou no assunto, decerto no fundo todos eles sabiam o que era e apenas eu sem coragem para perguntar fiquei na ignorância.

Seguimos o aroma adocicado que se intensificava cada vez mais e parámos perante mais um obstáculo que pensei que jamais iríamos conseguir atravessar. Alinhados num desalinho completo, ficamos em silencio e boquiabertos perante aquilo que parecia uma porta gigante derrubada. O mais corajoso e arrojado atreveu-se. Desapareceu. Depois seguido de um outro e mais outro. Fiquei para trás...

No céu ainda estavam suspensas as cores do sol que partira e a lua que sorria preste a encher quando senti o que tinha atravessado... do outro lado quatro sorrisos...

Wednesday, May 03, 2006

Vou lá eu saber porquê...

Madruga, crepúsculo e orvalho. Verde, amarelo e castanho. Contos lendas e mitos. Realidade, imaginação e ficção. Receio e Arrepio. Estrada vazia, três pessoas em silencio. Shiuuuu... deixa ouvir. Catrapum cai... pois é... dor, muita dor. Fio de sangue morno que corre pela minha perna abaixo, dói muito mesmo. Não aguento choraminguei. Vou olhar. Vi o sangue. Suores frios, Coração a mil e desmaiei. Voltei a mim. Olhei novamente o sangue que brotava da canela ferida. Tontura e voltei a desmaiar. Bofetada e agua. Continua a doer muito. Longe de casa. Bolas... voltei a olhar para a ferida. Desmaiei pela terceira vez, mais uma bofetada, mais agua. Mas o que é que se passa... Deixem-me respirar. Podes parar de olhar para mim?

Olhei novamente para a perna e já não vi o sangue vi apenas um pequeno arranhão. Corei por detrás dos dedos vincados nas bochechas. Senti o coração a voltar ao seu compasso normal, respirei, acalmei. Agua que batia em golfadas no fundo da garganta seca, rosto empoeirado delineado com lágrimas. Olhos assustados. Consegues levantar-te? Consegues continuar? Sorriso. Adoro-vos. Tens que repor energias... "Sumol de Laranja" e "Bolas de Berlim" esmagadas no fundo de um saco de papel. Quem colocou o rabo em cima minha mochila...

- não queres antes um chá?
Sim, sim... Tentei imaginar onde raio ia-mos ferver um chá naquele sitio... gargalhadas!!

Recordo de ser miúda, cair de qualquer coisa abaixo e ficar com os joelhos completamente descarnado. Olhava encolhia os ombros e continuava... não me lembro de fazer este género de fitas... que "vArgonha!!!"