Wednesday, May 10, 2006

Os dias que são assim!!

E quando se pensa que já se viu tudo, ou se conhece um sitio como as palmas das nossas próprias mãos, eis que somos transportados para uma dimensão completamente diferente. É como se existe uma porta que delimita o conhecimento e que só se abre a partir de uma hora. Aquela em que ninguém de certeza ali passará. Está ligada a um automatismo muito antigo codificado com as horas do sol, confundindo-se com a paisagem não transparecendo nas formas e invisível a olhos nus. Mas não sei se fui eu que dei as voltas ao sol ou se a porta se enganou na sua reforçada segurança e baixou a guarda... não estando à espera que os intrusos estivessem ali na hora nove marcada pelo sol.

O alcatrão transforma-se em calçada de pedra gasta tornando o percurso mais penoso e fazendo a adrenalina subir perante cada obstáculo. Puxamos uns pelo os outros e felicitamo-nos com a vitória de cada um, sim...porque infantilmente... quando nos juntamos a união que se sente é tão forte e o sentimento de protecção e zelo é tão exemplar que não existem palavras para o descrever. E o rir posteriormente com aos relatos das escolhas mais estapafúrdias: no meio de tantos caminhos e encruzilhadas que se apresentam à nossa frente, acabamos sempre por cortar os mais dificeis, discutindo num completo gozo o “sexo dos anjos”.
(...)

A medida que avançamos os cheiros vão sendo cada vez mais intensos e invadem cada narina a procura do seu lugar. Cheira a pinheiro, eucalipto, acácia, alfazema, terra, pó e um aroma adocicando que ainda hoje aqui sentada com a sua recordação não consigo decifrar o que seria.. o que é. É como ter uma vaga ideia de qualquer coisa que fica a martelar na cabeça e uma curiosidade que não se consegue aniquilar. Mas ninguém tocou no assunto, decerto no fundo todos eles sabiam o que era e apenas eu sem coragem para perguntar fiquei na ignorância.

Seguimos o aroma adocicado que se intensificava cada vez mais e parámos perante mais um obstáculo que pensei que jamais iríamos conseguir atravessar. Alinhados num desalinho completo, ficamos em silencio e boquiabertos perante aquilo que parecia uma porta gigante derrubada. O mais corajoso e arrojado atreveu-se. Desapareceu. Depois seguido de um outro e mais outro. Fiquei para trás...

No céu ainda estavam suspensas as cores do sol que partira e a lua que sorria preste a encher quando senti o que tinha atravessado... do outro lado quatro sorrisos...

5 comments:

poca said...

o que era? o que era? (lê isto com o entusiasmo e curiosidade de quatro crianças)
vá lá... só desta vez.... o que era?

inBluesY said...

pois ... o que era :)))

e então esperei ... ok fica para a próxima

beijinhos

Kiau Liang said...

Esforço fisico pode e deve causar alucinações.... e ainda bem....[linda]

poca said...

ohh não dizes!
sim há portas que nunca saberemos onde nos levam se não as atravessarmos...
às vezes temos quem caminhe connosco e aí a partilha pode tornar tudo mais intenso...
outras temos mesmo que as atravessar sós...
essas são as que nos definem...

mais uma vez despertas em mim um entusiasmo e uma curiosidade quase infantil.
hoje voltei a ler.
e voltei a embrenhar-me na história! por momentos... quase que era eu!

Madame Pirulitos said...

this time is personal...