Monday, May 15, 2006

felicitate

Não. Não quero parecer que me repito. Mas tenho receio das minhas palavras parecerem sempre iguais porque raramente encontro outras tão simples para definir um sentimento tão grandioso e tão intenso.

Não. Não quero parecer que me repito. Mas é impossível deixar de escrever que mais uma vez me incorporei de tal maneira que pensei fazer parte da paisagem. É como ter um pé preso num grosso tronco que se agarra ferozmente à terra e baloiço com o vento que emaranha os cabelos como se de folhas e lianas se tratassem. Poderia estar suspensa no abismo e não cair, olhar lá para baixo e conseguir sorrir perante o auge de uma felicidade que me transporta para um lado transcendente demais, e quando tenho a sensação que não vou aguentar por tanto acreditar várias mãos firmes esticam-se do outro lado e puxam-me numa elasticidade que me permite permanecer com um pé em cada banda. É um doce esquecer que tudo existe e um viver constante de experiencias diferentes.

Não. Não quero parecer que me repito. Mas dou por mim pensar que é irreal ter um ponto focado numa realidade que inconscientemente fui escolhendo e se entranhou. O simples facto de me sentir viva dentro dessa mesma escolha enche-me os olhos de lágrimas, mas lágrimas que correm alegres por um rosto vincado de aventuras levadas pelo ontem e anteontem. Aventuras que não voltam a trás apenas andam para frente cada vez com mais e mais vontade de ver e apreciar como vai ser amanhã. Entretanto vou recordando tranquilamente nos olhos castanhos, cor de mel, azuis e verdes que como meus contemplam o horizonte.


O jantar foi servido às vinte e três e trinta e cinco sobre uma mesa feita de areia e cadeiras construídas a partir de madeira velha trazida pelo mar. A toalha finamente desenhada com losangos em alto relevo segura os copos que esperam ansiosos para serem cheios com o liquido* levado e tocados num brinde. Nos pratos imaginários que se seguram na palma da mão, a refeição é meticulosamente digerida, pedacinho por pedacinho...

8 comments:

Kiau Liang said...

Para a proxima pego na minha gata e vou lá ter, depois vamos dar uma volta, ok?

Clara LT said...

A repetição é a forma mais eficaz de sentir o que se escreve, ou será escrever o que se sente, fico sempre baralhada :). Beijocas

inBluesY said...

Nunca será demais repetir o quanto gosto do teu espaço.

poca said...

é pela repetição que se aprende... ou que nos apercebemos das diferenças dentro das ditas repetições...
gostei da visão... com um pé em cada banda... como aquela sensação minutos antes de fazer uma escolha...
felicito-te por esta felicitate :)
beijinhos

Seamoon said...

adoreiiiiiiiiii

Madame Pirulitos said...

Andavas tristinha mas agora vejo-te a renascer. Será assim?

Titá said...

As tuas palavras são extraordinarias.
Adoro a forma como escreves.

Astor said...

a unica coisa que repetes mesmo é o prazer que nos dás ao ler-te *