Tuesday, October 23, 2007

"mirando el otro lado..."

Fecho os olhos e regresso aquela praia. Uma praia perdida no fim de tudo e no princípio do mundo. Num começo muito verde e num terminar ainda desconhecido, mil verdes nunca antes vistos. Ainda não acabou e já desejo não regressar. Ainda lá estou e já não quero ir. Recordo os dias anteriores como se já muito tempo nos separasse quando, estão ali mesmo ao esticar de um braço. Ao rasgar de um sorriso.

Fecho os olhos e regresso ao momento da partida. À angústia de uma chuva, que pela primeira vez rezo que cesse apenas por uma hora. Vencida enfrento-a zangada. Volto ao encher de peito que rebenta tal é a liberdade mesmo no limite do tempo que está prestes a chegar. Fervo os músculos entorpecidos e convenço-me que vou romper a meta nesse mesmo dia. Doidos!!

Fecho os olhos e regresso a um rolamento em média velocidade e penso de cotovelos rasgados apoiados nos joelhos, que afinal fazemos mesmo parte daquilo que queremos e das paixões que não podemos evitar, não podemos reprimir, porque quanto mais se tem mais se quer, quanto mais se sente mais se quer sentir e quando conseguimos irromper num sentimento reprimido, o resultado é um olhar, um adivinhar que se é feliz dentro de uma retina sedenta de muito mais. Energia concentrada a flor da pele carregada de uma coisa que não compreendo !!!

Sítios cheios de gente, sorrisos desdentados, hálitos insanos. Penteados insólitos, vestimentas mal dispostas. Simpatias oferecidas em pratos de sopa quente. Caldos de peixe "bem ralos" que aquecem o coração. Abrigos improvisados cobrem de uma tempestade estrondosa que atinge mesmo a meio e um obrigada às pessoas que nos deixaram partir em conversas por metade. Sítios despejados. Vilas fantasmas e sem alma. Passear alegre num vazio muito bem construído em pedra mármore e finalmente o conseguir ser proprietária de um único mundo. Aquele!!!


Agora aqui, de olhos bem abertos recordo apenas por palavras escritas aquilo que não consigo reportar em voz rouca. E não tenho nada mais a fazer senão sorrir dentro da minha própria vida que tenho consciência de continuar sempre de um lado para o outro, atravessando a diferença de não ser igual.

Devagar dispo-me de Outubro, sacudo as folhas caducas do cabelo e espero sentada “mirando el otro lado”.



Se por Terras do Oeste viajares, mais precisamente por uma terra chamada Lourinhã, e um cão de pêlo amarelo encontrares, perguntar-lhe quem é a “Princesa mais Linda do Parque” e se com os “casquitos” das unhas, no chão de terra poeirenta escrever “Miguel” e uns olhinhos te jogar, manda-lhe por favor cumprimentos meus!! :)))