Friday, October 27, 2006

(not) Controlling my feelings

Corria o rumor que iria ser igual e não valeria a pena o esforço. Que não ia ser como na primeira nem como na segunda vez. Sem nada de novo para contar . E a noticia já ia de boca de boca com a credibilidade de uma mentira muito bem contada.
Melhor assim, não se criou grandes expectativas e aguçou-se o factor surpresa que se transformou para lá de qualquer coisa extraordinária.

Mas é certo que ao contrario de outras línguas maiores e inchadas não foi igual, porque não poderia ser nem nunca será... o sangue fervilhará sempre nas veias e explodirá em adrenalina presa em gigantes balões recheados de pozinhos perlim pim que se derramarão pela multidão depois de rebentarem. Os bocadinhos espalhar-se-ão e juntos conseguiremos sempre encontrá-los no escuro até as luzes coloridas voltarem a invadir mil rostos. E mesmo que fiques com alguns meus e eu com alguns teus, não faz mal porque as sensações vividas ao mesmo tempo por aquilo que se ama em simultâneo é assim mesmo... um só!

Em uníssono cantou-se aquela musica... até voz ficar rouca e se sumir num saboroso silencio à espera que nunca acabe...

E não acabou (sorriso)... no carro foi vira o disco e toca o mesmo!!

Monday, October 16, 2006

Devagarinho... está na hora...

Na chuva da noite de ontem senti devagar as sensações a desvanecerem-se. Pensei que morreria junto com elas tal era a tristeza que sentia, mas estava mais do que na hora, teria que cortar um género de cordão transparente que brilha apenas para aqueles que o conseguem ver. Era essa a razão de ali estar, àquela hora. Tentei sorrir para os clarões que espreitavam de cinco em cinco minutos e iluminavam o mar, iluminavam as sombras feitas pelo vento. Iluminavam-me a mim.

Não me mexi... poderia tratar-se de uma fotografia que fixasse para sempre a minha imagem no momento e por algum encantamento que ainda desconheço pudesses ficar por ali. Viver assim. Eu e aquele sitio. Eu e a noite. Eu e a tempestade com apenas um pé pendurado para o meu próprio abismo, aquele que não receio mas respeito.

Mas o clarão era tão forte que não conseguia abrir os olhos, não conseguia ver. Tive medo de ficar desfocada, perdida e irreconhecível. E queria tanto ver. Gritei desesperadamente nos rugidos do céus e deixei que as lágrimas desenhassem o seu percurso num rosto já encharcado. Uma a uma queimavam-me os olhos. Ainda não estava preparada. Não ainda.
Não aguentei. Cai sem sentidos e atravessei o deserto do sentimento sem sequer tocar no chão. Embati numa pequena pedra e flui pelo seu lado esquerdo.

(...)

Voltei a mim. Ouviam-se sorrisos perdido no barulho da lona vibrante que cobria o veiculo alto. Continuava a chover e ainda era de noite. Sai do carro e fui até onde o mar me lambia os pés. Trauteava repetidamente o mesmo refrão de uma musica que nunca tinha ouvido:

Eras tu a ficar por não saberes partir,
E eu a rezar para que desaparecesses,
Era eu a rezar para que ficasses,
Tu a ficares enquanto saías.

Senti uma leveza no peito. Percebi e deixei-me ir. Lavei a alma e desamarramo-nos ali mesmo.
Corri para o veiculo numa velocidade alucinante para ninguém se aperceber da minha ausência... e ainda lá estavam, todos sentados na mesma disposição.

Uns lábios tocaram-me ao de leve no ouvido e num arrepio ouvi:
-Está na hora!!

Larguei o momento... guardei a recordação... e continuei devagarinho!!

Tuesday, October 10, 2006

Uma semana catorze dias...

... e ainda trago o cheiro nas mãos e nos dedos. No corpo e no cabelo. O aroma da terra molhada na boca e os ouvidos cheios de sons. Chamo-lhes as outras musicas vindas do vento, do mar, da chuva e do sol. Sons vindos de um tempo do qual eu fui dona e senhora deslizando como uma rainha que comanda e ordena quando deve de parar e quando deve de avançar. A duração de sete dias vividos na intensidade de catorze sentindo em cada cantinho do meu “eu” o tempo a roçar-se tranquilo. Feliz.

... e ainda sinto o primeiro rubor e o ultimo tremer de pernas de danças e andanças ao ritmo de uma intensidade estonteante onde fiquei nos primeiros furos e arranjos, nas gargalhadas, no medo, nas lágrimas, na noite, na madrugada nos sustos, nos gritos, nos verdes e nas outras cores .... e em cada pedalada dada no espaço de um quilometro de todos os sítios por onde passei, cada pessoa que conheci e cada batida mais forte do meu coração. Libertei-me de tal maneira que cheguei a esquecer que tinha uma vida paralela e que aquilo que estava a viver no momento é que era a minha verdadeira maneira de estar na vida..

... e ainda sinto na pele e nos músculos uma pequena dor do esforço que lateja a cada passada em direcção aquilo que existe. Agora que está na hora de atravessar olho para trás já com uma saudade que me rasga em bocados que se espalham por ai e estendo à mão. Ele não me seguiu.

Deixo-me ficar num silencio que é só meu desejando ardentemente ser transparente. Ficar aqui sem ninguém dar por mim, e sem ter que falar. Tenho medo de perder as sensações a cada palavra dita em direcção à realidade. Rodopiei de mãos dadas segura pela confiança cega de tanto amar...
Saltamos e pulámos em vestidos de papel. Choveu e desfizeram-se com a aguas. Livres... subimos em direcção céu...



Tróia, Comporta, Melides, Santo André, Sines, Porto Covo, Praia do Malhão, Vila Nova de Mil Fontes, Almograve, Cabo Sardão, Zambujeira, Odeceixe, Aljezur, Arrifana, Carrapateira, Praia do Amado, Vila do Bispo, Sagre, Lagos e muitas outros sítios dos quais não menciono mas não são menos importantes... calcorreados pedaço a pedaço em cima de uma bicicleta...