Monday, December 19, 2005

Simplesmente...

Choro porque ela chora, e sofro porque ela sofre.
Procurou nos meus magros braços todo o calor que lhe podia dar, e nas minhas palavras o conforto de uma grande amizade.

Chorou compulsivamente durante horas, pensei que nunca mais iria parar. Depois entre soluços lá percebi de onde vinha tanto desgosto.

Palmilhamos quilómetros de asfalto por essa estrada fora, cantando em plenos pulmões as musicas mais triste. Riamos, chorávamos e recordamos pequenos e grandes momentos que passamos juntas na infância...

Aterramos em plena baixa lisboeta e misturamo-nos com o fanático consumismo natalício. Percorremos a Rua mais movimentada... e foi bem no meio que nos sentamos num dos poucos degraus limpos, mesmo de frente para um grupo vestido a rigor que tocava uma parafernália de instrumentos de onde saia um som... tranquilizador... uma musica que acalmava e mexia com espírito. Já tinha ouvido tal estilo de musica mas se calhar não foi com o sentimento certo... aquele que vinha comigo naquele dia.
Deixamo-nos ficar ali, invisíveis e transparentes para quem passava.

“-Temos cinco minutos!!”, começamos a correr desenfreadamente pela rua... passamos sinais vermelhos e atropelamos passadeiras... só parámos em frente da gigantesca arvore de natal, mesmo a tempo de ver o acender das luzes.
Demos as mãos sem nos importarmos com o que os outros pensariam, e ficamos de cabeça pendurada para trás a observar cada camada de alumínio que se iluminava gigantescamente...

No fim do dia, já mesmo muito à noitinha, deixei-a em casa, esperei que adormecesse, aconcheguei-lhe as mantas e beijei-a na fonte...

4 comments:

Kiau Liang said...

Este é o Natal de todos os dias...

......quando precisares de um aconchego ou de uma corrida na rua de mão dada....

kolm said...

ou então fins de tarde de verão a mergulhar naquele mar....

Madrugadas no meco...

Macacadas em noites de serão....

Kiau Liang said...

.....e conta-se a lenda sobre os banhos das ninfas do por do sol...
das almas perdidas no meco...e.das gargalhadas noturnas daquela casa quase abandonada.....

kolm said...

Uma lenda que é verdadeira e pura...