Wednesday, February 15, 2006

Simplesmente sublime!!


Ontem à noite quando cheguei não havia luz. Apenas a luz da grande lua ilustrada nas nuvens negras, que deambulavam no céu, ao sabor do um vento estranhamente morno. Penso que avisava chuva.

Guiei por uma estrada iluminada de candeeiros de rua e virei à esquerda para uma dimensão completamente diferente. Toda a aldeia se encontrava às escuras. Os aldeões que ainda não tinham terminado as tarefas agrícolas diárias, corriam apressados com o gado de um lado para o outro, e àquela hora a pequena drogaria que vende tudo já estava fechada.
Parei o carro e sentei-me num dos bancos do Largo do Coreto. Senti-me realmente feliz por ter o privilegio de poder estar ali... e naquele momento não precisar de mais nada... apenas estar ali... a observar e a ouvir...

...uma musica realmente bela. Aquela que consigo ouvir no silêncio da escuridão, porque fico mais atenta... Ao barulho dos cascos dos animais, que não vejo, a rasparem na calçada antiga e dos seus respectivos badalos. Ao tic tac do relógio da torre da igreja que ameaça bater a repique a qualquer momento as sete horas. Às folhas dos grandes Plátanos que roçam umas nas outras. Aos mochos que piam, e aos vários espanta espírito espalhados pelas casas que se agitam com a passagem do vento, criando entoações no final de cada refrão.

Cheira a petróleo... pendurados nos toscos alpendres das casa da aldeia, vários candeeiros acesos iluminam o pouco espaço exterior. Mas o que interessa é a sua presença e efeito... De todas as janelas dessas mesmas casas exalava a luz das velas acesas. Um luz laranja vinda de uma chama que desloca delicadamente as sombras de coisas inanimadas, e de dentro o cheiro de mais uma refeição nocturna que se mistura com outros odores... simplesmente sublime...

Estaciono melhor o carro sem acender os faróis, jamais quereria quebrar aquela magia, e dirigi-me a pé para casa. Embrenho-me na escuridão e vou ouvindo todos os sons ao compasso da minha caminhada.
No espaço que vou percorrendo, cruzo-me com um cão bem grande e familiar que apenas sinto quando já me está a lamber as mãos... e felizes rumamos a casa...

10 comments:

rspiff said...

rspiff olha para o chão seco e não compreende as pistas à sua frente, sente-se tentado a desistir, mas lê mais uma vez os números escritos no pequeno papel que traz na mão...“10.02”...encontra um marco antigo na estrada com os mesmo números, mas a pista deixada foi apagada... já não sabe se está no caminho certo...

rspiff said...

Sem saber como, rspiff acha que entende e consegue ler o que está escrito numa lingua antiga que não é dele...

A história será escrita, mas ficará guardada até que a possa partilhar só com quem a merece ler...até esse dia não insistirá mais...

rspiff said...

Tu és (kolm)plicada...mas eu gosto... e acho que agora percebi...obrigado pelas palavras, vou guardá-las, embora não as considere só minhas...

É um presente tão valioso... :-)

De qualquer forma o meu pedido é para manter...tu é que sabes se o aceitas ou não...não insistirei...

inBluesY said...

tenta ver esta musica, acho que vais gostar (Luke Haines) excelente, tal como o que escreves!

miak said...

Espero com a maior das sinceridades que esta seja a mais real das estórias...

inBluesY said...

... simplesmente encantada...

rspiff said...

Obrigado e bom fim de semana :-)

Apagaste um dos comentários...medo de "espatifares" outro blog?

Este "mundo" é complicado não é?

kolm said...

Agora que falas no”bolachas”, Aproveito (porque não o cheguei a fazer) para agradecer à Liang que me ajudou a recuperar maior parte dos texto... depois de tanto lhe mexer nas entranhas do código, ainda conseguiu aguentar uma semana de "saque" mas depois foi o fim... :(

O "mundo" não é complicado, nos é que parece que fazemos questão de o complicar... por isso é que muitas vezes não nos entedemos uns aos outros...

rspiff said...

Eu não conheci o "Bolachas", mas quando conheço um blog vou sempre ao primeiro post e vi lá o teu comentário.

O "mundo" que eu falava era o dos blogs, mas tenho a mesma opinião do mundo em geral. Mas tu tens razão, nós é que o complicamos... só que como eu o complico, é mesmo complicado para mim, percebes?

E sim, eu muitas vezes não entendo muitas coisas...mas ando a esforçar-me por melhorar...

mfc said...

É engraçado como os cães simblizam sempre imagens de solidão e abandono. Consigo lembrar-me de não sei quantas obras literárias e filmes em que isso acontece.

Um cão solteiro, acho :)