Friday, November 25, 2005

abismo dos encantados

Ontem durante um sonho, afastei as mantas da cama e levantei-me. Abri a porta da rua e coloquei os pés descalços no chão gelado. Percorri os poucos metros que me afastam de um espaço que inventei, onde ninguém consegue entrar.

Abri a gaveta da velha mesa imaginária que ocupa o seu espaço total, e tirei um embrulho de pano. Dentro desse embrulho estavam as minhas mais doces memorias.

E foi então que te recordei. Uma memória doce... um Cavaleiro encantado dos nossos dias. Trocamos cartas do mais puro amor que existe na amizade. Deliciei-me com cada história que me contaste, com cada as palavras que dedicaste e cada coisa que me ensinaste. Entrei no abismo dos encantados, e nunca mais de lá consegui sair.

“... Sem responder, com os olhos injectados de sangue, o velho olhou o abismo de onde a água jorrava. Mesmo à beira o jovem esperava ansioso.
Então, como ela lhe estendesse os braços, o velho completamente desorientado atirou-a sobre o jovem, que não conseguiu equilibrar-se e caíram junto no abismo.
Um grito uníssono soou. Um grito apenas. Depois, cortando o silêncio só o marulhar das águas em catadupas...
O velho quando os viu desaparecer no abismo, recitou as palavras de encantamento (...)

Hoje que recordo, descubro que as coisas só fazem sentido no memento, e coloquei-te novamente na gaveta.

1 comment:

Kiau Liang said...

mas sabe sempre bem recordar...por mais longe que esteja esse tempo, são as memórias que nos fazem sentir mais seguros dos caminhos a seguir......