Wednesday, November 15, 2006

Untitled-1




E
ra um estranho total quando caiu naquele ambiente onde nunca deveria ter conseguido chegar. Mas não parou naquele intervalo do espaço, que de repente se rasgou no preciso minuto em que passava. “Escorregou” é o que gosta de pensar, e não é nada disso. Como sempre foi mais forte do que ele próprio.

Tudo a sua volta era completamente novo e um enorme sentimento de medo fazia-o paralisar. Estava dormente e sem reacção tal era o terror que sentia. A língua secou as palavras e o braços deixaram cair as expectativas... jamais pensara que seria assim. Desejara ao ponto de arder na pele como fogo, desejara aquele espaço onde tantas vezes sonhou perder-se e agora revelava-se completamente diferente, não da realidade, mas daquele sentimento que trazia consigo já faziam precisamente cinco dias. Num silencio melodioso. As vozes, os instrumentos, as notas... sentiu uma pancada no estômago e fechou os olhos inconscientemente. Um silvo saiu-lhe dos lábios...

(...)

A musica ainda não o conhecia quando ele ali caiu. Bailava em seu redor, harmoniosa e enfeitiçada, como qualquer coisa que flutua em busca de querer conhecer mais. Querer saber o que ele era e como descobriu o caminho.
Passeava. Roçava-se pelo seu corpo quase perfeito como uma serpente. Confiante. Descia e subia cheirando-o. Farejando-o. Cuspiu-lhe um vento ensurdecedor num pedaço de cabelo e puxou-o num grito de dor. Levou a madeixa àquilo que parecia ser os seus mais de cinco sentidos juntos e inspirou. Rebolou e envolveu-se nele... Invadiu-lhe como por magia os olhos com liquido e os ouvidos com sons. Milhares e milhares de sons.

E muito devagarinho a musica começou a apaixonar-se por aquele bocadinho de gente!!

5 comments:

inBluesY said...

quantas vezes quando damos conta dos sonhos é estranho o sabor .

1 bj*

Nuno West said...

Existem "comentários" que se lêem e a que não se conseguem "responder" porque são... quase perfeitos. Palavras escritas numa linguagem tão singular que podemos compreendê-las à nossa maneira e num murmurinho “ouvi-las”....

OLHAR VAGABUNDO said...

palavras simples e musicais....
beijo vagabundo

Isabel said...

Escorregar e cair na música... e deixa-la devagarinho apaixonar-se por nós.
Maravilhoso.
Eu sou pouco musical sabias?
A minha música são o silêncio e as palavras e mais algumas excepções.
O teu texto deu-me vontade de ter dado essa escorregadela.
Dei outras.
Por isso aqui estou.
Escorreguei nas palavras... e foi paixão, depois amor, agora vida.

Maravilhoso!
É um abismo encantado esse onde me levaste.
Escorreguei e cai aqui.
Ainda bem!

Até breve.

Isabel

poca said...

apaixontante... como sempre!