Wednesday, April 12, 2006

O livro que chegou ao fim!

O livro que chegou ao fim. E outro que pulam na estante pela atenção dos meus olhos e pelo toque dos meus dedos. Já os li todos e alguns mais do que três vezes. Tenho livros assim, que entro de tal maneira nas história que depois não consigo distinguir. Digo a mim própria que tenho que os voltar a ler para perceber a história quando no fundo já tinha percebido, apenas quero é repetir a aventura sem ter que me justificar. E agora ficam ali arrumados nas prateleiras a amarelar com o passar do tempo e ganhar o cheiro das letras encafuadas. Mas gosto de os ver ali expostos por cores e alguns por números. Por vezes sento-me no sofá a observar a minha mini biblioteca e imagino que são as minhas aventuras catalogadas por ordem de vivencia.

O livro que chegou ao fim. E na estante da mini biblioteca não existe nenhuma novidade. Já os li todos e alguns mais do que três vezes. Mas tenho outros que começo a ler e depressa abandono as personagens num mundo suspenso das suas desinteressante histórias.

Peguei num desses livros e sentei-me no jardim que geralmente me convida para umas horas de leitura. Recostada no banco de madeira verde coloco no colo o desinteressante livro e espero que a vontade chegue. Sem dar por isso um rapazinho que parecia ter nove anos sentou-se ao meu lado. Olhei e esbocei um simples sorriso. Devolveu-me o sorriso com um dente partido. Entreguei-me novamente a pouca vontade e pensei que estaria na hora de abrir o livro e dar uma nova oportunidade as aquelas pobres personagens.

- Sabe o meu avô está muito doente.
Fechei o livro
- Sinto muito
- Eu também.

E o rapazinho continuo. Com um som assobiado que surgia do dente partido narrou sua vida vivida nas histórias mágicas que o avô lhe contava. E comecei a conhecer essas histórias, quase ao pormenor de lhes conseguir acabar as frases... parecia as que outrora imaginara e tinha a certeza de não as ter lido em livro algum.
Olhei para as minhas mão estavam mais pequenas, vi os meus miúdos joelhos rasgados das quedas de bicicleta mal coberto com a saia que a minha mãe fazia a condizer com a camisola.

Sem dar por isso tinha entrado na maquina do tempo e regressei aos meus nove anos, o banco verde desapareceu e o jardim tornou-se em mato pronto para ser desbravado em buscas de anéis e elfos encantados. O mesmo menino deu-me a mão e Disse – “Anda!! ainda não viste o que está dentro daquela gruta” e corremos de mão dada em direcção a uma mirabolante aventura.

O livro das personagens suspensas nas suas histórias desinteressantes caiu ao chão. Abri os olhos e estava sentada no banco de madeira verde... sozinha. Olhei em redor e nem sinal do rapazinho, só podia ter adormecido e sonhado. Inclinei-me para apanhar o livro, e abriu-o no colo..
Comecei a folheá-lo para procurar a ultima página que tinha lido... e a medida que as passava uma a uma diziam “fim”...

10 comments:

Seamoon said...

e lá está...os anjos...e a magia...perfeito !

bjs

Astor said...

isso é o que eu chamo um bom livro.
tem-me faltado a paciência. de ler tanto para a universidade, quando me vejo livre de letras e numeros, não quero nem um à minha frente..

Kiau Liang said...

é tão bom fazer amigos...que nos contem histórias não é....

poca said...

normalmente os livros a mim cativam-me desde o momento em que os vejo na prateleira de uma qualquer livraria...
sou capaz de passar horas lá dentro, passeando-me, lendo títulos e contra capas...
à espera de ser seduzida.
tb tenho orgulho da minha mini biblioteca, mas ainda não a li toda.
alguns sim, li-os três vezes...
gosto muito de te ler...

inBluesY said...

ao ler-te senti aquele carrocel, que gira e gira, engraçado adoro sempre esta sensação tanto na musica como a ler.

BJ

Kiau Liang said...

Onde andas? esse malvado Alentejo que te levou daqui.... volta rápido tenho saudades...muitas...

poca said...

noto a tua ausência...

isabel said...

Passos horas em livrarias. Gosta das antigas, com aqiuele amontoado de livros em prateleiras de madeira. Gosto dauele cheiro, gosto de quem me atende, da conversa que se entabula.

Deve ser um bom livro.

Beijinhos

Madame Pirulitos said...

Ando há uns dias para te oferecer esta música mas tenho algum receio que a aches demasiado mórbida. A mim parece-me mais uma sátira aos fins. Porque quando parece que é o fim, quando tudo parece explodir e desaparecer à nossa volta, eis que uma nova estória surge. E só pode surgir daquela maneira por tudo o que se viveu até aí. Sofremos pelos fins que nunca o são, porque há sempre algo a acrescentar, a modificar, a reescrever, a aproveitar. Parece que nem a morte é o fim. Há quem acredite. E a voz de Nick Cave é mágica...


When you're sad and when you're lonely
And you haven't got a friend
Just remember that death is not the end
And all that you held sacred
Falls down and does not mend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When you're standing on the crossroads
That you cannot comprehend
Just remember that death is not the end
And all your dreams have vanished
And you don't know what's up the bend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
When the storm clouds gather round you
And heavy rains descend
Just remember that death is not the end
And there's no-one there to comfort you
With a helping hand to lend
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
For the tree of life is growing
Where the spirit never dies
And the bright light of salvation
Up in dark and empty skies
When the cities are on fire
With the burning flesh of men
Just remember that death is not the end
When you search in vain to find
Some law-abiding citizen
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end
Not the end, not the end
Just remember that death is not the end



beijos e bom regresso

rspiff said...

Olá, vai ao meu blog, que está lá algo que gostava que visses.