Friday, April 21, 2006

Gavetas e mais gavetas

Por vezes dou por mim a pensar que sou constituída por gavetas. Infinitas gavetas que formam olhos boca nariz e pescoço. Braços pernas e todo o resto do corpo. Infinitas gavetas cheias de sentimento que construíram um coração, e infinitas gavetas de várias das cores e feitios que formam todo o resto. Alguma não se abrem ou nunca se abrirão...Ficarão para sempre à espera que eu própria saiba distinguir o derradeiro momento para o fazer. E se não tiver tempo na intensidade em vivo os meus dias, a alguém um dia as transmitirei e acredito que seja feito através de mim...

Porem existem duas que nunca me lembro de as ver fechadas. Uma é completamente indescritível e são muitas as vezes em que inexplicavelmente entro no seu interior à procura de resposta mas apenas ainda trago mais dúvidas. A outra empenou ou simplesmente é grande de mais para caber no seu lugar. E por mais coisa que tente guardar coisas no seu interior nunca fica cheia. Tem sempre espaço para mais e mais. E sempre que procuro algo dentro dela encontro sempre, posso demorar alguns minutos e chegar a pensar que se perdeu, mas não ela está sempre lá, aberta à espera que coisas novas entrem e ocupem o seu espaço no meio de tão pouco espaço. Chamo-lhes coisas mas tem nome... que começam por várias letras. De A a Z...

7 comments:

Kiau Liang said...

fiquei muito curiosa.....(risos)

Astor said...

Também fiquei curioso...
Bonita comparação.

Gosto de te ler.. :)

isabel said...

Sou muito curiosa!!!


Gostei imenso do texto.

Boa noite

inBluesY said...

eu tenho o hábito das prateleiras...
e este texto é como a última, grande demais para este ecran e no entanto tem o mundo nele...

bj

Madame Pirulitos said...

Também me faz lembrar alguém ou um conceito. Sim, definitivamente Escher.

poca said...

humm... gavetas... abertas, fechadas, por, tirar, apertadas, espaço, tempo... não sou curiosa, mas gosto de charadas...
abre, fecha... tira, põe... ok.

Titá said...

consigo ver-me em tuas palavras. Também eu, vivo muitas vezes essa sensação, de ser um ser com imensas gavetas onde guardo coisas, imagens, pessoas, recordações...algumas fecho, outras não...mas todas se abrem um dia ou outro...às vezes preferia não abrir...