
... e ainda trago o cheiro nas mãos e nos dedos. No corpo e no cabelo. O aroma da terra molhada na boca e os ouvidos cheios de sons. Chamo-lhes as outras musicas vindas do vento, do mar, da chuva e do sol. Sons vindos de um tempo do qual eu fui dona e senhora deslizando como uma rainha que comanda e ordena quando deve de parar e quando deve de avançar. A duração de sete dias vividos na intensidade de catorze sentindo em cada cantinho do meu “eu” o tempo a roçar-se tranquilo. Feliz.
... e ainda sinto o primeiro rubor e o ultimo tremer de pernas de danças e andanças ao ritmo de uma intensidade estonteante onde fiquei nos primeiros furos e arranjos, nas gargalhadas, no medo, nas lágrimas, na noite, na madrugada nos sustos, nos gritos, nos verdes e nas outras cores .... e em cada pedalada dada no espaço de um quilometro de todos os sítios por onde passei, cada pessoa que conheci e cada batida mais forte do meu coração. Libertei-me de tal maneira que cheguei a esquecer que tinha uma vida paralela e que aquilo que estava a viver no momento é que era a minha verdadeira maneira de estar na vida..
... e ainda sinto na pele e nos músculos uma pequena dor do esforço que lateja a cada passada em direcção aquilo que existe. Agora que está na hora de atravessar olho para trás já com uma saudade que me rasga em bocados que se espalham por ai e estendo à mão. Ele não me seguiu.
Deixo-me ficar num silencio que é só meu desejando ardentemente ser transparente. Ficar aqui sem ninguém dar por mim, e sem ter que falar. Tenho medo de perder as sensações a cada palavra dita em direcção à realidade. Rodopiei de mãos dadas segura pela confiança cega de tanto amar...
Saltamos e pulámos em vestidos de papel. Choveu e desfizeram-se com a aguas. Livres... subimos em direcção céu...
Tróia, Comporta, Melides, Santo André, Sines, Porto Covo, Praia do Malhão, Vila Nova de Mil Fontes, Almograve, Cabo Sardão, Zambujeira, Odeceixe, Aljezur, Arrifana, Carrapateira, Praia do Amado, Vila do Bispo, Sagre, Lagos e muitas outros sítios dos quais não menciono mas não são menos importantes... calcorreados pedaço a pedaço em cima de uma bicicleta...